I forgot my phone parte II: preciso mesmo de um Android?

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

I forgot my phone parte II: preciso mesmo de um Android?




Meu celular não é velho, ganhei-o no final de 2011. O patrão do meu pai queria um dispositivo pra ele se comunicar e deu um celular que sua esposa recusou. Meu pai, que já tinha celular, quis dá-lo pra minha mãe, mas ela também já tinha um bom celular do qual não queria se desfazer. Meu irmão tinha comprado um recentemente e eu, o único sem renda em casa, achei que era uma boa hora de tirar o peso da responsabilidade de meu celular de flip, que ainda vive sem chip. O fato é que o celular, dado a meu pai, acabou ficando pra mim. Seus dois atrativos eram a TV digital e o MP3, que meu outro celular não tinha.

Mais de dois anos se passaram, meu celular deixou de ser uma novidade mesmo em casa - até meu irmão tem um melhor que eu. E estamos assistindo cada vez mais ao domínio absoluto do Android, robozinho criado pelo Google que se tornou o sistema favorito de quem usa sempre o aparelho mais moderno. Muita gente acha que eu deveria trocar de celular, inclusive amigos meus que me mostram sempre os novos aplicativos, as conversas via WhatsApp, as partidas de Dead Trigger (espécie de Resident Evil móvel), etc.

Mas será que eu preciso mesmo trocar de celular? Será que preciso aposentar, depois de dois anos, meu velho celular touch? Passei um tempo pensando nisso e, com base nessa dúvida, até estudei o funcionamento do Android.

O que eu mais uso em termos de conteúdo? Música, rádio, joguinhos e muita leitura. Os três primeiros têm no meu celular, o último me parece suficiente no PC. Além disso, seria bom ter suporte para uma Internet rápida. O Android oferece isso, o problema é achar uma Internet rápida - uma amiga demorou mais pra postar no Facebook pelo 3G pré-pago do que eu no WAP. Pra ter uma boa velocidade é preciso um plano pós-pago. Assinar um é uma dor de cabeça, descobrir que a operadora escuta seu tráfego para vender certas funções em pacotes mais caros, como em uma TV paga, é uma dor de cabeça ainda maior. Não me parece um bom negócio no momento...

É mais potente que meu celular, é verdade, mas se meu celular dá conta do recado e os recursos Android mais requisitados são tão simples quanto um WhatsApp, por que eu PRECISO trocar de celular?

Na imagem acima está o print de uma aplicação Android: o aplicativo que permite ouvir a Antena 1. Na hora pensei que fosse o Tune In, mas depois me foi dito que não era. Pra falar aqui é melhor ainda: é mais inútil porque pega uma rádio só, que eu ouço no FM do meu celular. O Tune In ainda tem uma centena de rádios do mundo todo...

É pra isso que existe o Android? Eu tenho um celular com rádio FM, descarto esse celular pra ter um Android e não posso seguir ouvindo minhas rádios a não ser que eu baixe um ou mais aplicativos que demandam de acesso à Internet? Não é tão mais fácil e rápido ouvir rádio pelas velhas ondas radiofônicas de 88 a 108 MHz? Sim, pois se no meu PC e no meu Notebook o streaming já demora pra carregar, imagine em um celular cuja antena de Internet é menor...

Mas pelo menos tem rádios do mundo todo. Só que elas tocam exatamente aquilo que as rádios brasileiras tocam. Rádios top 40 vão tocar top 40 no mundo todo, bem como rádios classudas, como a Antena 1, serão classudas em todo o planeta também. A coisa só muda quando falamos de música nacional e regional. Alguém está disposto a ouvir cumbia? Acho que não.

Lembrei da velha Multicanal. Minha mãe assinou duas vezes antes dela ser incorporada pela Net. A variedade de canais era risível se comparada à TV de hoje, mas aquela TV ninguém mais verá! Lembro que dificilmente saía do Cartoon Network, com as vinhetas todas em inglês e dubladas. Lembro dos Cartoon Cartoons estreando, desde O Laboratório de Dexter até As Meninas Superpoderosas, lembro da Hora Acme passando em um horário decente, lembro quando Pokémon começou a passar, lembro até das vinhetas, muito similares às da MTV. Você não encontra a maioria delas nem no YouTube, nem no Tooncast.






Eu não sentia falta de TV digital nessa época, só queria ter os meus canais favoritos. Hoje eu tenho Net Digital, legalmente sucessora daquela Multicanal. Se me perguntarem o que eu prefiro, responderei sem dúvida: prefiro a época em que Johnny Bravo era destaque e que 2 Cachorros Bobos estava no ar ainda. Me acostumei muito ao meu guia de programação digital, mas ele não substitui o Superstation, as séries clássicas da Warner, os documentários do Discovery que me faziam querer saber alguma coisa sobre ciência.

Assistir o Cartoon pela Net Digital e ouvir a Antena 1 no Android me parecem coisas parecidas. Minha TV antiga tinha uma ótima recepção de cabo e meu celular tem um rádio FM muito bom, além de fazer tudo aquilo que eu quero em um celular. Pra que trocar? Existe a necessidade de se ter um celular com Android? Ou será que nós só compramos essas coisas porque nossos amigos também têm e nós não queremos ficar pra trás? É realmente necessário se falar pelo WhatsApp ou usamos o WhatsApp porque nossos colegas de turma estão lá e falar com eles por um aplicativo desses é mais moderno?

A gente consome porque precisa ou consome pra mostrar que colabora com a seta dourada? A troca do Facebook pelo WhatsApp me parece estar relacionada com a seta.

Agora me deem licença porque este velho que vos fala vai batucar uma Olivetti, como o Mino Carta faz.

***

Falei tanto desse vídeo mas não compartilhei. Melhor fazer agora. Abaixo, o documentário A História das Coisas. A dublagem é estranha, mas o conteúdo vale a pena.



Em tempo: me disseram que pega rádio FM no Android, mas o app ajuda a achar o nome das músicas. Isso o torna ainda mais inútil: o rádio está ali no celular e pra achar o nome da música bastar ativar o texto de rádio que até meu celular tem.

0 comentários :

Postar um comentário