2018

sábado, 6 de outubro de 2018

#ElaSim


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A menos de 5 horas da eleição, uma dúvida monstruosa entre quatro candidatos paira na minha cabeça: Haddad, alternativa mais viável de esquerda, Ciro, alternativa mais viável para vencer no segundo turno, Marina, candidata mais ficha limpa, e Boulos, que vai pra cima dos adversários com ideias progressistas. Até a hora de votar eu me decido...

Já decididos os votos em Marcio França para governador, Eduardo Suplicy e Mara Gabrilli para o senado, Lívia Lazaneo para deputada federal e Leci Brandão para deputada estadual. Mas o voto que é supostamente mais importante ainda está em aberto. E é importante pela ameaça que carrega, de eleger Jair Bolsonaro no primeiro turno.

Não vou gastar minha Internet lembrando o perigo de eleger um presidente de discurso fascista. O que já foi escrito sobre o tema basta. E eu não aguento mais escrever sobre o Brasil que eu não quero, prefiro escrever sobre aquele que eu quero. Não o Brasil de Lula ou de cima de muro. O Brasil de Marielle Franco.

É nela que eu tenho pensado nesta véspera de eleições. Porque era de gente como ela que poderia emergir uma nova política.

Se você acha isso um exagero, ou uma beatificação desnecessária, pergunte a si mesmo: independentemente de qual seja seu candidato ou sua preferência partidária, que política você gostaria que existisse no Brasil?

Ninguém vai dizer que quer uma política corrupta. Uma política distante das pessoas. Uma política em cima do muro para agradar oligarquias e o centrão. Uma política covarde. Uma política que não leva em conta a empatia. Ninguém quer uma política que se pareça com a atual. No entanto, é isso que a maioria das candidaturas de 2018 tem a oferecer.

Mas não era isso que Marielle oferecia. Ela não tinha medo de se posicionar. Pelas mulheres, pelos negros, pela periferia, pelos LGBT, pelos direitos humanos. Ela teve empatia, inclusive (e é importante ressaltar, pois a direita vive cobrando isso da esquerda) com famílias de policiais. Era corajosa. Denunciava abusos, dizia com todas as letras que não seria interrompida, se posicionava com força. E ela acreditava que o papel de uma parlamentar ia além de legislar. Atendia pessoas, encaminhava para serviços públicos, atuava junto à comunidade, participava de debates (morreu voltando de um).

Não interessa se você é de esquerda, de direita ou isentão. Você sabe que este não é o perfil de uma parlamentar da velha política. E foi esta a parlamentar que morreu com três tiros na cabeça e um no pescoço.

Leonardo Rossato escreveu em março o que segue:

"Existem pessoas que são faróis. Que, como faróis, mostram a direção a seguir. Marielle, em vida, foi uma dessas pessoas, com seu trabalho monumental, com sua energia contagiante, com sua capacidade de dar esperança a todos os que a cercavam até seu último evento. Mas em sua morte, Marielle foi maior ainda: foi como uma estrela que, ao explodir em supernova, atraiu a atenção de todos, mostrando que a única política que vale a pena é aquela que é feita pelas pessoas e para as pessoas".

Amanhã é dia de eleição e nós temos uma escolha entre a política de Marielle e a política de sempre - que possui verniz de esquerda, direita e fascismo. Que a gente possa enxergar o caminho que o farol ilumina e usar nosso voto para fazer a renovação politica que desde 2013 nós pedimos.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Do hospício e da casa de repouso - o debate da Band


Ainda não decidi meu voto no primeiro turno da eleição presidencial mais insana da Nova República. O horário eleitoral ainda não começou, um candidato está com situação indefinida e o primeiro debate foi realizado nesta quinta (9) na Rede Bandeirantes - em horário outrora destinado a um reality show com Eric Jacquin.

A impressão que fica após o evento de ares tragicômicos é que estamos condenado a uma decisão entre a loucura e velhice. No primeiro time, jogam os populistas - conservadores como Daciolo e Bolsonaro, progressistas como Boulos -; no segundo, o pessoal que defende as mesmas ideias e propõe basicamente as mesmas coisas de sempre - neoliberalismo, desenvolvimentismo, "terceira via" -, com a diferença de que não vai funcionar.

Na Piauí, Marcos Nobre observou que a proposta do Centrão é a única na mesa neste momento. Se os outros candidatos não apresentarem nada de útil, é ela que será aplicada. E o debate da Band deixou evidente que a maioria anda batendo cabeça, para desespero de quem sonha com um Brasil mais justo, ético e democrático.

A seguir, as impressões do debate

Álvaro Dias: seria o botox? Ou algum analgésico, como parte do Twitter sugeriu durante o debate? O ex-governador do Paraná deixou como única impressão no debate a dificuldade na fala. Sua insistência em afirmar que tornará Sérgio Moro ministro da Justiça é até risível. A seu favor, conta a previsão do vidente Carlinhos de que será eleito.

Cabo Daciolo: tomou de Bolsonaro o lugar do tio do zap. Sugeriu uma conspiração mundial para implantar o comunismo na América Latina que deixou Ciro Gomes boquiaberto, para dizer o mínimo. Se perder (e é bem provável que isto acontecerá), tem vaga garantida como painelista de programas de auditório.

Ciro Gomes: há dois candidatos que são reconhecidamente preparados para assumir a presidência (quer dizer, contando os presos são três): Alckmin e Ciro. O primogênito dos Ferreira Gomes passou os últimos 8 anos se preparando para a eventual candidatura e, uma vez candidato, marcou por falar insistentemente do SPC como se estivesse a fazer propaganda da Crefisa. Boa notícia: não disse nada de muito comprometedor (ainda).

Deus: no fim do debate, quase todos os candidatos o agradeceram (Daciolo até pegou a Bíblia). Alguém deveria consultar São Pedro para saber quem Ele apoia.

Geraldo Alckmin: chuchu é um apelido injusto para Alckmin, pois até o chuchu pega gosto de algo quando junto da comida. Sua disposição em apoiar brutalidade policial ("quem não reagiu está vivo") tornaria dispensável uma candidatura como a de Bolsonaro, mas nem o ódio ganharia cor com seu jeito Pin-da-mon-han-ga-ba. Haja centrão pra ajudá-lo a se tornar presidente!

Guilherme Boulos: é ate engraçado ver parte da esquerda se referindo à inteligência e eloquência do autoproclamado líder do MTST enquanto ele fala groselha atrás de groselha, especialmente no que diz respeito a economia. Ao que parece, entendeu que vai perder e partiu pro ataque. Melhor assim.

Henrique Meirelles: o ministro da Fazenda não tem nada a seu favor. Faz parte de um governo impopular, seu partido viu o centrão descambar para o lado de Alckmin, não tem carisma e, quando fala, parece estar prestes a suspirar de dor. A teoria de que sua candidatura só existe para ajudar o centrão faz muito sentido.

Jair Bolsonaro: seu momento mais significativo foi nas considerações finais; Não porque estava melhor, mas porque sua postura resumiu o debate que fez. Todos achavam que ele iria fervendo aos estúdios do Morumbi, como fez nas entrevistas do Roda Viva e da Globo News. Mas ali ele estava em terreno conhecido, graças ao treinamento que obteve em programas de auditório. No meio dos políticos profissionais, se perdeu. Viu a loucura, sua única carta, lhe ser usurpada por Daciolo. Só conseguiu "mitar" contra Boulos. No meio das considerações finais, deu pra percebê-lo mais pianinho, talvez pensando onde ele foi se meter.

Lula/Haddad/whatever: Chico Barney disse no Twitter que a relação entre Gleisi Hoffmann e Lula era meio Rajneeshpuram ("Wild Wild Country", na Netflix). De fato, o PT parece estar isolado da sociedade num mundo em que apenas o grande líder leva à salvação. Com seu candidato preso e com o vice impossibilitado de representá-lo pelas regras do debate, Haddad se viu obrigado a realizar um evento tão paralelo quanto o mundo em que seu partido vive desde o impeachment da Dilma. Com a impugnação de Lula, o ex-prefeito deve ser autorizado a participar de debates, mas até aí morreu o Neves.

Marina Silva: quem lembrar de algum grande momento dela no debate ganha um perfume da Natura. Valendo!

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O próximo debate é na RedeTV, dia 17. Muita coisa pode mudar até lá, menos minha indecisão com relação a quem votar, que seguirá até descobrir um candidato são com um projeto de país que eu possa defender. Por enquanto, só vejo loucos e velhinhos. E um presidiário.

domingo, 15 de julho de 2018

Tite, VAR e França x Croácia: três notas sobre a Copa


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Tite é, talvez, o melhor técnico brasileiro. E é, com certeza, o mais teimoso.

Desde o Corinthians, joga com Jorges Henriques. O da seleção foi Gabriel Jesus. Mantem suas convicções intactas, mesmo quando insistimos para que mude, mesmo quando as circunstâncias exigem mais criatividade.

Seu trabalho na seleção não foi ruim, pelo contrário. Do time que não ia nem se classificar ao que chegou às quartas-de-final da Copa. E saiu contra a Bélgica, que provou que o PlayStation entende mais de futebol do que nós.

Mas terá muito trabalho até 2022, no Catar, onde terá que repensar alguns de seus critérios para convocar jogadores. Que volte na próxima Copa mais preparado - e menos teimoso.

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VAR significa video assistant referee. É comummente chamado de árbitro de vídeo, mas trata-se  apenas de um auxiliar que aparece em momentos determinados do jogo.

Como a arbitragem do Brasileirão é muito ruim (ou ao menos esta é a sensação que fica sempre que o Corinthians é campeão de alguma edição), o VAR foi vendido como o totem que iria expiar os pecados da CBF e até da Globo.

A Copa do Mundo mostrou que, nas mãos erradas, o VAR pode ser tão ruim - ou ainda pior - quanto um árbitro mal posicionado. Se o lance do pênalti contra a Croácia hoje fosse num Corinthians x Palmeiras quantos meses a torcida derrotada iria se lembrar deste momento? Eu diria que talvez para sempre.

O erro faz parte do jogo, seja futebol, basquete ou vôlei. Não gostou? Netflix tá aí.

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Toda Copa do Mundo temm uma seleção que decepciona e outra que surpreende. Em 2014 tivemos, respectivamente, Espanha e Argélia. Este ano a cota de decepção veio da Alemanha, eliminada na primeira fase em um grupo onde estava virtualmente classificada.

A surpresa foi a Croácia. Por mais que reconhecêssemos que o time era forte, jamais diríamos que chegaria à final.

Mas tudo conspirava pela França, em especial a boa campanha na chave mais difícil do mata-mata da Copa. Mbappé correndo como sempre. A Croácia cansada como nunca depois de três prorrogações (um jogo a mais). O melhor time da Copa indiscutivelmente foi o campeão. Por mais que a Bélgica tenha enchido mais os olhos na semifinal.

Um time memorável. Uma seleção que merecia ir longe na Copa. Premiada com o título mais importante do futebol. Quanto à Croácia, tem muito o que comemorar por chegar à sua primeira final na história. Mas nem sempre vontade é o suficiente.

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Oficialmente, começou o período eleitoral no Brasil. Deus tenha piedade de nossas almas.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Só vem


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Não tem gasolina no Brasil e o caos se instalou por todo o país. O governo dialoga mal com a sociedade. Os petroleiros ameaçam sua própria greve e o Tribunal Superior do Trabalho a considera ilegal por conter "motivação política". A eleição presidencial se aproxima velozmente e a chance é muito grande de termos um escroque na presidência - tem o racista, a vacilante, o coronel, o louco, a superestimada, pode escolher à vontade.

Ninguém está feliz no Brasil de 30 de maio de 2018. E faltam apenas 15 dias para começas a Copa do Mundo da Rússia. MEU DEUS 15 DIAS PRA COPA!

Mas agora não é hora de se distrair. Será que já tem música da Copa?





FOCO! É preciso ter foco no momento em que estamos vivendo. Um momento de conflitos por todos os lados, jornalistas apanhando de manifestantes, políticos cada vez mais acuados, pedidos de intervenção militar, Salah lesionado... Certeza que algum hacker russo teve a ver com isso!

Mas como se importar com 22 homens correndo atrás de uma bola em vez de olhar para o que realmente importa? Como se apaixonar por um esporte rodeado de corrupção e alienação? De que adianta querer mudar o mundo e parar por 90 minutos sempre que tem gente num gramado verde que ganha milhões enquanto você não ganha nada?



Há um pouco de Copa do Mundo em todos nós. Não finja que você está imune. Mesmo quem detesta futebol não está. A Copa chega para todos, fãs de futebol ou de futebol americano.

Tem algum problema que não possa esperar uns 30 dias de futebol? Então só pode ser um problemão sem solução. E não adianta dizer que aliena (sua série favorita também). Depois da Copa tem eleição e só a festa pela seleção (não disse qual) não vai fazer ninguém se esquecer do que vê e ouve neste ano.

Uma vez uma amiga me disse que não ia acompanhar a Copa do Mundo, ia preferir assistir séries. Terminou falando apaixonadamente da Alemanha campeã pelo Twitter. Prepare-se que o mesmo pode acontecer a qualquer momento com você.

Entregue-se às garras desta paixão insaciável que a cada quatro anos faz a gente perder a razão mesmo sem gasolina, sem dinheiro, sem política, sem namoro.

Faltam só 15 dias pra bola rolar. Só vem Copa do Mundo, sua linda! E que o futuro nos diga que Taison é melhor que o Messi.