Futebol e política: nada a ver

terça-feira, 8 de julho de 2014

Futebol e política: nada a ver



Podem dizer que eu sou alienado, petista, fanático, o que for, mas torci pelo Brasil até o momento em que o juiz apitou o final do melancólico 7x1. Algumas pessoas assistindo comigo até pararam de torcer, torceram pra Alemanha e vão torcer até o final. Eu não. Se o Brasil não podia mais ganhar, torci ao menos para que não fosse tão humilhante. Me decepcionei, mas não me arrependo. Eu gosto de futebol, gosto da seleção, gosto do Corinthians e torço. Agora, torço pro Brasil melhorar muito visando a Copa de 2018. Talvez 2022...

Sou muito agradecido pelo empenho dos jogadores, mas concordo com Paulo Henrique Amorim quando diz que é hora de uma "limpeza geral" na seleção. Tirar o Felipão? Só isso não adianta. Marin tem que cair fora, a cartolagem unida tem que cair fora, os privilégios da Globo, que monopoliza o esporte da transmissão ao direito de entrar no meio do treino quando quiser, tem que acabar. É preciso pensar o esporte daqui a 10, 20 anos, criar base, formar atletas, trabalhar as seleções de base de forma mais séria. Quem vive de passado é museu e o "melhor futebol do mundo" não pode viver de se vangloriar do pentacampeonato.

Agora a seleção caiu fora. Paciência. 2018 tem mais. 2022 também. 2026, se a Terra estiver viva até lá, é muito provável que tenha também. O Brasil vai ter muito mais chances de ganhar a Copa do Mundo e eu vou continuar torcendo, mesmo nos momentos difíceis - cláusula pétrea do contrato de adoção a um clube ou seleção para torcer.

Isso basta para inquietar. Muita gente torceu pro Brasil perder. Porque achou que a Dilma comprou a Copa. Porque temeu que o PT usasse a Copa na eleição (isso vai acontecer com certeza, teve até gringo falando que foi mais bem organizada que as Olimpíadas de Londres). Porque achava a seleção "alienante". Quis que esse pessoal calasse a boca e isso me fez torcer ainda mais. Perdi no jogo, mas não perdi as esperanças, já que "uma vela acesa pode acender mil velas apagadas" e "a voz do intelecto não descansa enquanto não consegue uma audiência".

Teve também os petistas que torceram pelo Brasil por causa da Dilma. Não quis que eles calassem a boca porque torci pelo Brasil também, mas não concordo. A seleção é uma coisa, a Dilma é outra. A derrota do Brasil não foi uma derrota política da Dilma, ela tem outras vantagens nesse jogo. Torcer contra ou a favor do Brasil por causa dela é que é alienante.

Gostar de futebol e da seleção não faz de mim um idiota. Eu sei o que tem de ruim (e de bom, tem coisas boas aqui) no Brasil, nunca me esqueço de que 2014 é ano de eleições gerais. E sim, estou prestando atenção nos candidatos e no que eles fazem. Mas isso não me impede de gostar de futebol e de ver a Copa do Mundo. E mesmo que eu vote no Aécio (hipoteticamente falando), isso não me impede de torcer pela seleção brasileira.

Vocês me desculpem, mas se pela causa social eu devo parar de ver futebol, vou trair essa causa muitas e muitas vezes. A zoeira com a goleada é totalmente válida, mas por favor, não me venham com coisas de Dilma, PT, escolas e hospitais porque isso não tem nada a ver.

Porque jogar todos que torceram pela seleção, como eu, no mesmo saco é uma grande e revoltante... alienação.

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