A responsabilidade de um formador de opinião

terça-feira, 2 de agosto de 2016

A responsabilidade de um formador de opinião


Eu já estava com esse título na minha cabeça há tempos, mas, um evento nessa semana foi a motivação perfeita para que eu consiga colocar isso no papel. Já deixo claro que este post não vai se tratar de futebol (já que o evento coincidentemente foi protagonizado por um jornalista esportivo), vai se tratar de como algumas pessoas que trabalham na mídia, jornalistas ou não, usam de seu poder para transmitir suas ideias ou seus achismos.
O evento se passou no programa Fox Sports Radio dessa segunda, dia 01/08.O jornalista e comentarista esportivo, Fábio Sormani, disse no programa, quase aos berros, que o Corinthians assumiu a liderança do Brasileiro devido a um "plano orquestrado pela CBF" resultado da não convocação de nenhum jogador do Corinthians para a seleção olímpica enquanto Palmeiras, Santos e Grêmio, times que disputam a liderança, possuem ao menos dois.Após mais e mais acusações sem provas, pôs em dúvida também o Título da Libertadores de 2012 pelo mesmo motivo.
Fábio Sormani - Fox Sports
A reação da torcida corinthiana foi automática e a hashtag #ForaSormani foi trending topic no Twitter, ficando à frente até do filme Esquadrão Suicida, que estreia na mesma semana e que também é tópico de muitas conversas. A torcida fez tanto barulho nas redes sociais, que, no programa Boa Tarde Fox (eu acho) do mesmo dia, ele se apresenta pedindo desculpas ao Corinthians sobre as coisas que ele disse. Segundo ele, "era provocar o Mano (Mauricio Borges), torcedor do Corinthians, pra gente esquentar o debate, característica do nosso programa".

A história já está mais do que bem contada, mas, o que significa? Que o Corinthians é vítima da mídia? Não (mas, acho que alguns que estão lendo devem ter pensado isso)! Esse texto é para chamar a atenção de alguns abusos dos chamados "formadores de opinião" espalhados pela TV, rádio, mídia impressa, internet e política. Essas pessoas precisam saber que têm a responsabilidade de saber o que está falando. E quando eu digo "saber o que está falando", eu quero dizer que elas devem ter conhecimento sobre o assunto, antecipar possíveis reações do público e do resto da mídia e se responsabilizar caso falar alguma besteira.
No caso do nosso amigo Sormani, ele não antecipou as reações do público. Se fosse uma brincadeira, ele deveria ter deixado claro isso ao menos pelo tom da voz que ele falava. Já que pessoas acreditam que o Corinthians possui sim esquema com a CBF (embora não exista nenhuma prova disso) e a torcida do Corinthians o via com maus olhos há muito tempo.
Mas, o Sormani não é o único. Existem outros que falam coisas sem pensar. Quem lembra do "comeria ela e o bebê" do Rafinha bastos que acabou com a sua carreira na comédia? E quando ele disse ao político Jair Bolsonaro para defender seu ponto de vista a favor da liberação da maconha: "Fumei maconha a minha vida inteira e nunca me viciei em outra droga"? Ele teve de se retratar mais uma vez. Agora ele está escondido no Multishow fazendo programas sem graça.
Rafinha Bastos - A uma frase do fim de sua carreira
Outra coisa comum é quando a pessoa passa uma informação sem ter muito ou sequer algum conhecimento do que está falando. Costumam palpitar em economia e, principalmente, política. Os youtubers são especialistas nesse tipo de coisa, alguns deles falam até de religião baseando-se apenas em suas crenças e seus ódios. Mas, na TV também existe gente assim.
Um exemplo é o programa Mulheres, da TV Gazeta. Quando acontece a roda de fofocas (agora chamada de "notícias dos famosos" ou "notícias da TV"), a conversa dos três vai viajando até chegar em assuntos que os três não entendem, como administração de canais de TV. Quando apareceu uma suposta notícia onde Sílvio Santos (SBT), Edir Macedo (Record) e Amilcare Dallevo Jr. (RedeTV)  se juntariam para fazer uma operadora de TV por assinatura para concorrer com a Globosat, o comentarista de TV do programa, Gabriel Perline, falou algumas desinformações com relação à gestão e à distribuição de dinheiro para operadoras de TV por assinatura.
Segundo ele, os preços das assinaturas ficariam mais caros pois os faturamentos resultariam apenas do dinheiro das assinaturas. Primeiro, ele ignorou completamente o faturamento pelo patrocínio e pelo aluguel de tempo em alguns canais. Segundo, o valor distribuído das assinaturas foi superestimado por ele. Terceiro, ele disse que quem decide o valor a ser distribuído é a operadora, unilateralmente. 
Gabriel Perline, à esq.
Se ponha no lugar de uma dona de casa sem conhecimento do ramo vendo o programa. Qual seria a sua reação com relação a esse suposto empreendimento? Isso deveria ser previsto, não?

Então, sejamos mimizentos? Não! Eu só sugiro que não caiamos na primeira conversinha.

Siga Um Pouco do Nosso nas redes sociais

Facebook: www.facebook.com/umpoucodonosso/

0 comentários :

Postar um comentário